“De facto, há
qualquer coisa podre sobre a maquilhagem, qualquer coisa fétida sob a
organização social mais brilhante, qualquer fenda onde se insinua e desenvolve
a semente que fará com que tudo desabe.
Eterna meditação sobre a
queda dos impérios, o fim dos homens e sobre a poeira da História”.
- Marguerite Yourcenar.
tendo presente a citação de Yourcenar ,que
,particularmente ,admiro ,e ,face aos diversíssimos aspectos contraditórios da
vida portuguesa ,ouso questionar - afinal, qual o papel de cada um de nós na
sociedade?
nenhum – respondem os descrentes!
como não aceito tal premissa ,congemino em voz alta…
…
cabe ( dizem-me! ) aos Politécnicos ,excelente
montagem do POLÍTICO/TÉCNICO ,agir ,arbitrariamente ,em nome do colectivo .é o
pressuposto da representatividade .e o terrível é que há sempre uma desculpa –
a de que a sua actuação é feita em nome de princípios ,regras e valores
comunitários
.esquecem-se ,porém ,que a Cidadania vive sempre
noutro lugar ,no quotidiano de todos nós ,longe dos espectáculos e das exibições
.alimentar a ideia de que todos os fenómenos políticos
têm de subordinar-se ao espectacular e às leis do mercado ,traduz
,inequivocamente ,o empobrecimento da comunidade em que vivemos e impede o
nascimento de ideias e a concretização de acções que permanecem
.e mais…
face a uma geração sedenta de eternidade e de poder
,essa mesma comunidade reage ,tornando-se mais frívola ,e ,isto porque há cegos
demasiado habituados a sê-lo .são as relíquias de uma época ,a quem cabe a
ingrata missão de prestar contas aos vindouros
.há ,porém ,quem tenha afirmado ,sem qualquer
protagonismo político ,ou pretensão a tal ,ser tempo de dizer – BASTA ,e fê-lo
,reflectindo ,d forma construtiva ,sobre o passado presente ,a fim de projectar
o futuro ,dignificando o presente como parte integrante de algo que se
desenrola do interior para o exterior de cada um de nós .sem exibicionismos e
,paulatinamente ,assumida nas palavras de António Sérgio:
“Meu Caro Amigo:
continuemos a palestrar como dois bons amigos – sem nenhum finca-pé, sem paixão
alguma, sem ceder ao furor de denunciar culpados. Criadoramente. Generosamente.
Construtivamente.
Não desviemos os olhos do
que realmente importa: o que chamo as “pedras vivas” do “país real”; e
busquemos os remédios da actuação directa, cujo processo se nos apresente de
maneira simples, clara, facilmente compreensível ao comum dos homens.
Pela qualidade dos frutos se
julgará da árvore; assim se diz no Evangelho.
Então,
porque frutos julgaremos a
tua governação, a tua presumível construção política?”
Maio ,2017
Gabriela Rocha Martins