VI - uma Utopia possível. 1ª parte







deambulando pensamentos ou ,simplesmente ,cogitando ,chego sempre à mesma conclusão – a Humanidade divide.se em poetas e não.poetas
.no primeiro grupo há aqueles que nunca escreveram um verso .no segundo ,há não só quem os tenha escrito ,como também publicado
.ser poeta ,porém ,não se circunscreve ao escrevinhador/escritor ,citando Sartre ,mas antes à enorme capacidade de reinventar a utopia ,em tornar viável o inexequível .é a ascese
.a afirmação do indivíduo como ser uno ,inserido ,todavia ,no social a que pertence ,por nascimento ou adopção
.“Ninguém morre sozinho” ,escreveu ,um dia ,o Professor Daniel Sampaio .parafraseando.o ,direi que ,em cidadania ,ninguém “vive” sozinho ,porque o UM não é mais do que a minúscula parte do TODO ,e ,o todo somos nós
,poetas ,sonhadores ,“homens práticos” ,ascéticos ,agentes activos e passivos
.em suma ,a Comunidade possível
.mas as nossas esperanças como seres não ganharão consistência se não forem alicerçadas na busca da simbiose entre o ser pensante e o ser agente ,balizadas nos valores civilizacionais mais profundos e na modernidade mais actualizada ,hoje ,falhos de verdadeiros substractos sociais ,culturais e políticos
.políticos ,porque a carência dos mesmos fez com que todos nós tivéssemos mergulhado ,pouco a pouco ,nos vícios atávicos do passivismo ,por um lado ,ou na intolerância e na pequenez cultural ,geradoras do diletantismo que subestima os cidadãos que não se reconhecem na partidocracia ,por outro
.a memória é curta ,diz o velho aforismo popular
.e ,como a memória dos homens tem tendência a repetir.se ,exige a moderna consciência que saibamos aprender ,todos ,mesmo os de fraca memória ,de modo a não permitir ,no presente e no futuro ,que o autoritarismo ( camuflado ou não ) domine ,perversamente ,o nosso dia a dia ,enfraquecendo a capacidade criadora de todos nós
.é fundamental que a cooperação e o diálogo prevaleçam ,dignificando o HOMEM ,ser uno e social ,não o marginalizando ,porque fazê.lo é uma visão maniqueísta que acentua as já perturbadoras assimetrias económicas ,culturais e educacionais
.são as Pessoas ,os únicos protagonistas das reformas e reestruturações ,e ,deverão ser elas ,numa perspectiva humanista ,os principais agentes das mesmas
.em cidadania não há filhos adoptados
.acentuar a diferença entre “nascidos” e adoptados é um conceito xenófobo que ,mais não faz ,do que preceituar a exclusão ,por ironia ,receio ou despeito
.a democracia exige que o Homem se torne no centro das relações sociais crescentes em número ,amplidão e qualificação .oferecer à liberdade humana novas possibilidades ,manifesta o devir e o dever/ser dessa mesma liberdade ,o que equivale a dizer que só resulta ,através e com o homem ,ser uno e plural
.a política faz-se pela positiva ,não por contradição .muito menos com medo ,mentiras ou falsas verdades
.tentar minimizar o Homem ,ou coarctar-lhe a criatividade ,são conceitos mesquinhos que só se equiparam à mesquinhez de quem assim age



Janeiro ,2017
Gabriela Rocha Martins.