“a Política faz-se pela
positiva ,não por contradição”
foi com esta frase que terminei a 1ª parte da minha
anterior crónica .é com ela que inicio a segunda ,porque ,em meu entender ,a
política impõe uma séria reflexão introspectiva e actual sobre a comunidade em
que estamos inseridos .reflexão que ,como um dia escrevi ,deve ser acompanhada
por um profundo exame de consciência ,sem concessões para todos aqueles que
,quais Velhos do Restelo ,e ,com várias metástases ,tentam deturpar a verdade
dos factos ,lançando o anátema sobre essa mesma comunidade
.essa reflexão é tanto mais necessária quanto a nossa
comunidade continua adiada ,marginalizada e minimizada
.é legítimo ,em democracia ,que as Pessoas tenham ou
façam as suas opções políticas .como é legítimo o contrário
.todavia ,qualquer posição que seja tomada ,deverá
sê-lo ,em consciência ,e não como factor de poder ou contra-poder .isto é: nos
verdadeiros democratas ,as opções fundamentam.se em princípios interiorizados
,em que o “servir a causa pública” é ,sempre ,um acto político ,quer o
queiramos ou não .não há isenção nos seres activos ,porque agir pressupõe
“tomar posição em relação a” ,e , esta é ,igualmente ,uma forma de poder .sendo
este um factor determinante do estar em sociedade ,não pode ,nem deve sustentar-se
em questões de índole pessoal ,mesmo quando camufladas no “bem servir a
comunidade” ,porque o “ser em comunidade” exige o respeito pelo outro ,ou seja
,o respeito à diferença .outrossim ,este respeito pressupõe o estar sempre
ausente ,no não agente ,o estar sempre presente ,no agente
.há que afastar os fantasmas ,consequências
inevitáveis do ser em comunidade ,porque não são as nossas empatias que
galvanizam as sociedades ,saturadas até à medula ,nas certezas dos HOMENS SÓS
.e neste capítulo ,a Comunicação Social – escrita e
falada – tem um papel preponderante
.não para os que vivem os acontecimentos ou neles se
envolvem ,porque ,facilmente ,detectam a inveracidade dos factos ,a
subjectividade das crónicas ,a informação tendenciosa
.todos nós temos consciência da falibilidade
informativa
.mas ,se tomar posições é natural ,o mesmo não
acontece quando não assumidas com frontalidade e verticalidade ,mas antes
,camufladas pelos imperativos de momento ,à volta de interesses pessoais
presentes ,passados ou futuros
.urge assumir ,sem diletantismos ,uma perspectiva
racional ,porque os tempos das “paixões” são fugazes como a própria paixão
.urge assumir uma perspectiva englobante
,essencialmente construtiva ,em prol do Humanismo ,da Solidariedade ,da Justiça
e da Cultura ,porque só em diálogo ,transparência e tolerância ,é possível
renovar as sociedades
.somos Mulheres e Homens ,com os defeitos e as
qualidades do género ,mas também com a fragilidade humana de nos sabermos
emocionar .todavia ,confundir emoção com prepotência ,é não ser capaz ou não
querer ultrapassar a própria incapacidade
.urge assumir as diferenças .é o princípio da não
contradição
.assim ,deambulando pensamentos ou cogitando sobre o
nosso passado recente ,chego ,invariavelmente ,à mesma conclusão – as nossas
esperanças como poetas ou não –poetas ,sonhadores ou “homens práticos”
,ascéticos ,agentes ou ausentes ,não ganharão consistência ,primo ,enquanto não
racionalizadas e interiorizadas ,secundo ,quando não colocadas ,sem
dissimulados protagonismos ,ao serviço do bem comum
.só assim nos afirmamos como seres individuais e
sociais
.em suma ,numa comunidade falha de verdadeiros
substractos humanistas ,há que acreditar numa Utopia possível ,porque mudar é
renovar e renovar é construir o futuro.
Fevereiro ,2017
Gabriela Rocha Martins